Um AMIGO, do time, nos enviou uma singela homenagem ao Vito
Ruy Dell'Erba que chamamos, com todo respeito e carinho de "Padilha", apelido que recebeu, não me lembro de quem, há mais de 15 anos, nos tempos das peladas nos gramadões da USP.
Quem nos enviou esta colaboração, que todos nós - AMIGOS, com muito prazer também assinamos, foi, como não poderia deixar de ser, pela beleza e clareza do texto ... nosso zagueirão e jovem escritor premiado, Rafael Ferreira da Silva.
A HOMENAGEM
Uma pessoa que chegue por volta das 15:20 horas, de um sábado qualquer, no campo de futebol do Centro Esportivo Municipal do Butantã, tem grandes chances de encontrar um senhor de cabelos brancos, usando uma camisa e uma bermuda, caminhando pensativo.
Vamos supor que essa pessoa fique curiosa para saber mais sobre esse senhor e, com bastante discrição, consegue se esconder no ponto mais alto da pedra que existe ao lado do campo.
A testemunha oculta observará que aos poucos chegarão outras pessoas e que todas, de um jeito ou de outro, cumprimentarão o senhor de camisa e bermuda com entusiasmo e reverência.
Caso a testemunha oculta tenha uma ótima audição, conseguirá perceber que o senhor de camisa e bermuda fala com todos de maneira muito amistosa e é extremamente atencioso nos assuntos debatidos.
Assim que o número do grupo aumenta um pouco, a pessoa escondida se surpreenderá ao ver que o senhor de camisa e bermuda é um excelente jogador de malha e faz questão de ensinar suas técnicas aos mais novos.
A surpresa da testemunha oculta será ainda maior ao se dar conta que depois do jogo de malha o senhor de camisa e bermuda receberá uma camisa de uniforme e que jogará futebol com um grupo composto por pessoas muito mais jovens do que ele.
O queixo da pessoa escondida cairá quando, iniciado o jogo, perceber que aquele senhor, agora de uniforme, apesar das limitações que o corpo impõe por conta da idade, colabora efetivamente com o time que defende, dando passes e marcando gols.
No intervalo da partida, a testemunha oculta descobrirá que o senhor surpreendente teve o cuidado de trazer para os amigos um suco que parece ser muito apreciado.
Incrédula, a testemunha oculta verá que o senhor que antes usava a camisa, joga a partida inteira e se comporta de maneira exemplar, incentivando os jogadores do seu time e adversários, elogiando as raras belas jogadas e amenizando a vergonha daqueles que reiteradamente pecam pela falta de técnica.
Com o sol se pondo, a pessoa escondida observará que todos que jogaram se reúnem e o senhor que agora voltou a vestir sua camisa escuta atentamente os avisos dados por sujeito grande que tem em mãos uma prancheta, embora a maioria não faça o mesmo.
Se pudesse ler a mente de cada um que compõe o grupo, a testemunha oculta saberia que a maioria, senão todos, ainda que de modo inconsciente, nutrem pelo senhor de camisa uma profunda admiração.
Diante do que testemunhou, a pessoa escondida certamente desejaria ter o privilégio de também ser amiga do senhor de camisa para poder lhe dar um abraço e dizer:
- Padilha, parabéns pelos seus 80 anos!